domingo, 16 de novembro de 2008

Procura-se (ou: por uma filosofia pos-nietzscheana)


O mundo é feito de gente com procuras, com metas, com sonhos, com meras utopias que afirmam querer realizar. Todos muito bem intecionados. Fato é que mesmo que estejam à procura dessas realizações, falta-lhes a ousadia maior de enchergar em si o que em si é e reside o impedimento à essa tal evolução, essa transcedência. Seria algo como uma pseudo iluminação? Seria em alguns casos a própria ou propriamente dita? Eu sinceramente acredito que sim em muitos casos, afinal esse tipo de situação é o que mais faz-se presente nas cabeças da maior parte da humanidade. Além do mais e do bem e do mal, nesse caso eu também concordo com Nietzsche e talvez nele haja uma Razão bem maior quando se posiciona em afirmações do tipo:
"O medo é o pai da moralidade".

e até mesmo:
"Com ajuda da moralidade do costume e da camisa-de-força social, o homem foi realmente tornado confiável".

e mais afirmativo ainda quando diz:
"Não poderia haver felicidade, jovialidade, esperança, orgulho, presente, sem o esquecimento".


O "nosso" viver é sempre pautado por um cinismo que joga à moda de crianças temerosas, tapando os olhos com as mãos pra não ver, mas que sempre escapa entre dedos a imagem doada por aquela curiosidade sacana, que na verdade é protagonista, consciente da ação e calçada de 'botas-sete-leguas' só por precaução, pra não correr o risco de correr riscos maiores, ser julgado por outros olhos, etc, etc, etc. Mais interessante ainda é a idéia de que esquecendo da realidade sabida da-se-a à inocência salvadora e apaziguante, que exiguirá-nos de toda e qualquer necessidade de explicar os porques de não nos fazermos melhor, explicarmos por qual razão não nos emanciparmos da "matrix wachowskiana".
Para mim só há uma maneira feliz de esquecer, o que me parece ser a maneira maravilhosa de esquecimento: aquela que só ocorre quando realmente compreendemos o erro e perdoamos por completo.

Novamente Nietzsche:
"A essência da felicidade é não ter medo."

Mergulhe nessa, mas não seja preguiçoso, mergulhe realmente; aceitar apenas seria vergonhoso, ou talvez um mérito grande demais para alguém inteligente.

Mais uma de Nietzsche:
"Não te enchas de ar: a menor picadela te esvaziaria".

O mundo esta cheio de gente que procura. Que procura alguém, que se procura, que jura saber mais.
O mundo é de fato uma enorme fonte de soberba, e o Woman's Toyfriend está nele de torneirinha.

Todo mundo acha-se mais inteligente, mais apto, mais digno e até cai na bobagem de desmerecer, desconsiderar, não atribuir méritos ao que outros afirmam. Por acharem-se superiores em vários aspectos, por possuirem aptidões, conhecimentos específicos, formação e até facilidades como as de reter na memória longa e a da erudição, acreditam-se portadores de uma procuração especial para esnobar e até ignorar afirmações alheias. Juram possuir carapaça. Que possuam, perdem tempo!

Estar aberto aos mundos além dos nossos jardins é algo necessário ao ser que chamo "superior", por que é necessário ser sempre um pouco vazio para se fazer melhor, e como hoje é dia de ressucitar o Nietzsche:
"Há muitas coisas que quero, de uma vez por todas, não saber. A sensatez estabelece limites mesmo ao conhecimento".

E até onde ser nietzscheano? É imprescindível meditar a longo prazo antes de descartar os pensamentos novos, principalmente os que nos fazem cócegas nos brios, muito comum é fazer isso de instantâneo com os alheios.

Não desmereceria o valor do conhecimento, da erudição, etc. Poderia até parecer escusado trazer a luz essa afirmação, mas é muito necessária quando se imagina o pensamento lido por mentes demasiadamente críticas, a lacuna feita é uma porteira aberta, que facilita o engano na maioria. Considero-a fechada!
"A filosofia moderna foi e é nietzscheana,..."
- Gilles Deleuze, filósofo francês

Não quero aqui encerrar méritos para/com o pensamento de Nietzsche na cultura ocidental e ou mesmo na filosofia. Acredito que há bastante o que descartar até conseguir ler Nietzsche na realidade/integralidade de seu pensamento. Não o louvo, não o descarto, mas coloco parte do seu pensamento dentre os que eu tomo como escolhidamente meritórios.

Então volto ao início:
Procura-se!
Procura-se pessoas que sejam lívres. Livres, respeitosas e que realmente entendam e conjugem Amar no presente.
Talvez a procura seja outra...
Procura-se ousados!
ou talvez:
Procura-se loucos!
Por que não existem pessoas capazes de esquecer o passado e encarar o novo sem pudor do erro vivido.
Faltam pessoas que se proponham a "invenção" do amor.
Eu, como Cazuza, "Adoro um amor inventado", por que diferente dele e do que se pensa de instantâneo, acredito que o amor precisa ser entendido de outra maneira, diferente das que a cultura nos ensinou, desse formato cheio de enganações e roubadas.

Eu proponho algo diferente.
Parar para acreditar em amar/amor, deixar-se amar e amar como proposta. É ousadia, é vaguarda, é destemor, é livre arbítrio, é respeitar-se e respeitar o próximo, é amar-se prioritariamente e o outro a posteriori. Mas requer, talvez, uma profunda reflexão sobre quem é, sobre o que quer e até onde quer ir.
O mundo precisa descartar o medo e ousar.
Já pensou:

O cara chega na moça e diz:
Te acho super interessante, quero te propor viver um amor diferente de todos, os meus e dos teus amores. Quero apartir de agora te amar verdadeiramente e me deixar ser integralmente da mesma natureza. Até que sintamos que a necessidade de seguir as nossas sendas individuais faça com que nossa liberdade necessite distância e precisemos nos separar.
É verdade que soa como uma cantada barata, mas isso deveria ser dito com a maior verdade do mundo. Na verdade DEVE!
Que tal 'testarmos' isso?
Vivam!!!

beijos

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

PRESENTEIE-SE


Sou um homem perdido em mim,
Perdido no que me dei,
No que me amei,
No que vivi.

Sou um homem da pós-modernidade apaixonado,
Amando profusa e harmonicamente.
Com desejos mais que sinceros de me fazer presente.

Estou de pé
Em pino
Com a tez querente de teu desatino.
Destino!
Me introduza sem medo,
Tenho paciência tenho paciência,
Em tua vida
E já não é cedo.
Vamos-nos ao cimo.
Com pele de cordeiro
E alma de saci com boitatá.

Ateie-se!
Atreva-se!

Espero que teu amor se reproduza,
Como se fazendo amor em semi-breves.
Mil estímulos que se dividiriam em fusas,
Mas que se deslizam no tempo
Imitando o movimento das pedras,
Das dunas.

Aceitando em si
O que em mim coaduna a todo momento,
Que já habitava-me o DNA.
Nessa vida devida,
Nada de outra lida,
De instantes vacilantes,
De ficar confusa,
De instinto pusilânime.

Esse é o momento dínamo!
Amo,
Ame!

[Isto é uma ordem!!!]

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Hai kai balão, Hai kai balão


RIO I

Me rio, feliz.
Sentindo a corrente
Desaguar em ti.


RIO II

Borda o vale
Desenhando o canyon
De mil estações.


RIO III

Segue o fluxo
Da maneira de amar.
Fez-se seguro.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

De meus sonhos, em realidade


Acordou-me no meio da noite
Me separando às carnes latentes,
Controlando-me na ponta dos dedos,
Ao sussurrar de meus segredos entre os dentes.

Fez de desejos antigos verdade,
De minhas fantasias vizinhas suspiros,
Dinamitando ao ouvido as vontades,
Fazendo-me gostosa a grunhidos.

Se envolvendo por mim, de afeto
Mostrou-me com toda harmonia e tesão
Energias crescentes, eternas
Aludindo-me ao teto
Com minhas costas no colchão

A revirar meus olhos a beijar
Molhar meu lábio, que já não hiberna
Pulsando em minha medula, insular
Ao tremular de minhas erguidas pernas

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O amor nos tempos de dengue*


Gabriel, Perdoe-nos, sabemos pouco sobre o que brincamos.

Depois de uma ausência não comunicada, volto para falar um pouco mais sobre gente e de suas aventuras na tentativa de conviver.

"Alma gemia, cansou e num faz mas som nenhum"
[Marcinha, de Candeias].

"Eu sei que Míriam é a mulher da minha vida. Mesmo ela não querendo viver um relacionamento comigo, eu quero viver minha vida ao lado dela."
[Daniel, de Arco-Verde]

"A minha vizinha, Dona Soledade, disse assim: 'Minha filha vai casar pura, isso é tão raro. Morro de orgulho de minha filha!' Coitado do cara que casar com ela, imagine, ter que comer gohan(arroz branco) todo dia, sem mistura."
[Francisco Takajiba, da Liberdade]

Hoje em dia acredito que se relacionar as vezes seja bem parecido com o processo da dengue. Pense comigo,...
o bicho procura sua pele, pousa em você, taca a picadura, lhe suga, depois que vai embora ainda deixa um virus, a coisa esquenta, depois vem as dores pelo corpo.
Ai evolui: dor de cabeça pra valer, mais febre, dores nas articulações.
Quando complica e vai mais longe: enjôos, etc...
Se relacionar hoje pode ser motivo de dores de cabeça.

[*Título criado a partir de comentário de Jampa]

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Luz do Sol



[
É preciso escrever
Para o não romper das nuvens
Para que os óvnis não recuem
Para que as vozes não se desculpem
Dissipando-se assim as dúvidas
Despertando-se assim das ruas
]


Esse caminhar de caminho estreito,
É longo e sinuoso,
De ladear-se em mato verde, flor.

Apertado, de só caber o caminhar de tão estreito
Arvores por perto, arboretos, pássaros, ninhos
O sol brinda a cada clareira, mostrando a relva molhada da chuva que passou.

Iluminado!
As borboletas
Com suas pequenas gotas de chuva nas asas,

Tudo se move em vida
Numa só brisa se mostra a fruta escondida
A folha caída

O cheiro úmido da terra

E sigo à caminho
Do rio de meu tempo subjetivo
Mergulhando da ponte, sentindo na pele o frio da água

Estimulante!
Um abraço que cola em meu peito rente ao meu corpo
Perfazendo-se ao meu desejo sem esforço

Beija a boca, beija o rosto

E mergulha
Mergulha e vai direto na felicidade que procurei
Me deixa sem fôlego, sem sufoco

Mas o pássaro cantou
Num chamar que era lindo e me levou num vôo de planar sobre o vale
Que vale mais que mil sensações

E me entreguei a ti.

Sabor Jambo

[14/04/06]

sábado, 28 de junho de 2008

Samba e Amor


Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã

[letra e musica: Chico Buarque]

Minha Amada Imoral

Banksy
Canta pra mim
Aquela música que adoras
E ao meu ouvido confidencia os teus ais,
Teus segredos, cheiros,
Na impressão mais que digital
De meus dedos.
Tua dança da chuva pessoal.
Senta aqui perto,
Na minha frente.

Quero aprender teu idioma,
Falar tua língua sem erros,
Numa harmonia de Eros e Psiquê.
Quero te alimentar de certezas,
De malícia, de espertezas,
todas na bondade e safadeza.
Por que tu és imoral,
Tu transcendes as convenções,
E eu aceito a condição

[Imagem : Banksy]

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Da vontade alheia e da cumplicidade



Hoje acordei com desejo de massas, hoje tenho que comer uma massa. Só não quero espaguete, talharim, fusilli, penne. Nada dessa natureza, to com vontade de nhoque, pizza, lazanha. E falando em desejos, vontades e afins; tava pensando comigo sobre as vontades dos outros e lá vai farinha pra fornada.

Com o tempo a gente tende a pensar mais sobre o que nos acontece e os porquês de que acontece conosco e com o outro. Pensamos sobre por que mesmo estando a tanto tempo com alguém, esse alguém não parece saber nada sobre nós. A mais cabal demonstração, prova disto, é a quantidade de casamentos que se constituem nos cartórios e igrejas e que logo em seguida se desfazem; ou mesmo casamentos em que os conjugues mantem por muito tempo relacionamentos paralelos, valendo salientar que são baseados num formato tradicional, sustentado pela sociedade como o correto. Não é escusado fazer saber que não acredito nessas idéias. Não acho só que não se aplicam a mim, como também acredito ser elas o motivo, culpa, de boa parte dos problemas vividos na nossa sociedade. Serve apenas pra perpetuar um modelo que regula pelo controle de massas e pelo pendão do masculino. Alguém vai dizer: "Que viagem a dele"! Ai direi: Que bobagem a sua!

Acredito ser imprescindível o diálogo entre as pessoas.
Deveríamos fazer questão quando encontramos companheiros interessantes que nos deixam a vontade, ou que nos tem consideração de fato, em sentar e fazer um acordo que faça com que tudo seja às claras.
Que nada aconteça na cabeça sem ser dito.
É importante frisar que para que entendamos quem amamos, nos abramos sobre o que sentimos e pensamos, pois confessando-nos sobre nosso tesão, tensão, planos e dúvidas, fazemos de nosso companheiro cúmplice. De fato, para que isso aconteça eficientemente, há necessidade de haver acordado, aceito pelos dois. Tendo isso como linguagem do cotidiano, os medos e inseguranças vão se dissipar e problemas certamente encontrarão soluções. Os tesões, fantasias, vontades, dúvidas serão colocadas em pauta não só num momento estabelecido, mas também serão no dia-dia.

Falar sobre o tesão de seu dia é delicioso e faz com que sua relação fique cada vez mais forte, por que faz da vontade possível, da dúvida fato consumado, conhecido. Faz-se saber como o outro gosta.

Exercitem-se e excitem-se!

Eu assino embaixo! ^^

Leiam e sejam felizes: Fique Amiga Dela

Blonde Redhead - Melody

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Relacionamento Vegan, o que é isso?

Por que Antes só que mal acompanhado?
[Continuação de "Sobre os anseios e o mundo de ilusões dentro de cada seio"]

Sexo Vegetariano
Zé: -Você conhece aquela do vegetariano?
Ana: -Não! Qual é?
Z: -Levou a moça pro mato e comeu a moita!
A: - oO E há quem não goste de verDura! (pensando)

Quem já foi, ou é vegetariano, entende ou entenderá o que digo.
Amar à distância, é namorar ao estilo vegetariano.
Tenho dito e acredito que mesmo as pessoas que idealizam um relacionamento não físico e espiritual, não conseguem viver relacionamentos à distância. Infelizmente é assim.
Sinto em mim algo diferente, eu sei. Posso viver minhas histórias à distância por muito tempo sem tanta agonia e olha que sou altamente carnívoro, entenda bem, CAR-NÍ-VO-RO.
A presença física é fantástica, mas não é tudo. Sexo é bom, é o que há; o calor do corpo de quem estamos vivendo uma história é magia pura, mas será que não dá pra viver sem isso o tempo todo?

Quando há feedback em um relacionamento com os essenciais (verdade, liberdade, respeito, amor), há tranqüilidade. Tranqüilidade no sentido de paz interna, por que você é suprido do que realmente importa quando vivendo algo verdadeiramente profundo. Faço questão de frisar que não falo de tranqüilidade no sentido de não sentir ciumes, medo da traição, insegurança. Falo de outra coisa mesmo, tente distinguir, sei que pode. Vale pensar que há algo muito comum no ser humano e mais latente ainda nas mulheres, que é o medo da solidão. Diria que 4/5 delas funcionam nessa sintonia. Parece muito? E é! Mesmo as que já vivem um relacionamento estável por anos, temem o fim desse relacionamento. Até mesmo as casadas, temem, sentem medo de ficar sozinhas, de não encontrarem uma pessoa pra amar, alguém que as ame de verdade e isso é o que realmente é levado em consideração, ou deveria ser levado prioritariamente. Existem relacionamentos que sobrevivem bodas e bodas sob esse fantasma, na fantasia de que: um relacionamento por si já é em todas as circunstâncias fonte certa de felicidade e segurança.

Falava de sintonia, mas a verdade mesmo é que nesse dial só há estática e desarmonia. Do que adianta acreditar em algo que não acreditamos, que sabemos ser uma mentira. Mentira maior, pois é uma mentira contada para si, tendo pra mim que mentir é sempre mentir pra si. E tentar se enganar é o eclipse da vontade, da personalidade, do eu, da alma.

Mulheres que vivem relacionamentos assim, numa visão metafórica, são muito parecidas com as moças que passam pela clitoridectomia. Assim como aquelas moças da Africa, Oriente Médio e Sudeste Asiático, lhes é privado algo essencial, o poder de ser feliz completamente. Apesar do nome complicado, tudo é feito de maneira tão simplória que a maior parte das mulheres ficam estéreis e outras tantas morrem pela falta de higiene no trato. Parece algo distante da realidade apresentada, mas não é bem assim distante de uma mulher dentro de um relacionamento assim, privada de sua liberdade, de sua vontade, de seu prazer. Imagine só, ou faça um scan, uma ressonância magnética em sua vida e você vai entender que estar com alguém que não se gosta, e ou que não nos trata como esperamos é: conviver com quem não precisamos, viver uma rotina que não nos diz respeito, e como as moças supra-citadas, fazer amor sem prazer. Essas mulheres correm o risco de se tornarem amargas, depressivas, se anularem enquanto ser humano gradativamente. Ao contrário das mutiladas na carne, parem sem parar, na esperança de ter algum prazer na vida, ou perpetuar esse relacionamento; o que é sabido não trazer felicidade e segurança alguma, muito o contrário, só trás mais responsabilidades.

Por que aprender a ter relacionamentos vegan?
Simplesmente por entender que "nossa" cultura de relacionamentos não nos faz forte, não nos respeita, não nos dá a liberdade, não nos ensina isso, não fala a verdade. Sendo mais correto, essa cultura não nos diz respeito, não é nossa e ponto final. Tudo que nos foi ensinado precisa ser revisto, reeditado e só ai então, passado as novas gerações. Imagine milênios de imposições, extermínios, fogueiras, estupros, lavagens, alienações; amenizando assim nosso poder de crítica e nossa força de vontade, nosso discernimento, nossa vontade de mudança. aaaaaaaaah!
Precisamos aprender a amar e que é amor. Descartar toda essa babaquice "mitológica" e enxergar a realidade, pisar no chão. E isso não significa não amar, não se apaixonar, não querer ficar junto, não querer viver algo com alguém. Viver algo "vegetariano" é como uma escola pra entender tudo que falo.

E como diria DeRose: Ser vegetariano não é ser "macrô"!

Bom Apetite!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um quê


Longe de mim abriu-se
E aqui uma porta,
Simultaneamente adentraram-se
Olhos desavisados
Sem semblantes, nem intentos.
Que desvelando-se ao tempo
Face fez-se ao sentimento de surpresa.

Tais quais as presas de uma naja
Injetando fluido fatalmente certo,
Pausando o respirar e inflando inocente.
Ímã de um traçado de vida
Que na ponta dos dedos trás
Idéias e vontades que jamais
Foram tão harmônicos.

E ao recostar minha cabeça percebi
Que me faltou um travesseiro à cama.
Um quarto.
Falta não mais um pedaço,
Faltaria-me a matéria prima?
Talvez um desejo ou certa fonte de calor,
Tornados em minha cama?

Flauta sibilou a melodia
Que certamente me dizia:
Sai de tua toca e irradia tua paz
Para alguém que lhe apraz, lhe habita.
Dita teu destino e segue forte,
Que um quê de sorte cruzou-te
E faz disso teu caminho, teu esporte.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Outro Canto de Baile


Há mais ou menos 10 anos atrás, senti resistência em ler Nietzsche, sentia mesmo, assim como em Fiodor Dostoiévski ainda hoje tenho cautela; afinal de contas não é qualquer leitura, algo que saia pelo fiofó[expressão infame]. Nada mais natural que perceber que esta resistência por Nietzsche se dava por saber encontrar-se nele uma leitura um tanto mais profunda e desafiadora, provocadora e de certa forma impiedosa. Ler Nietzsche é desafiar-se neutro, aprender sobretudo a ser ouvinte. É acordar para certas visões e compreender, por leituras as vezes malcriadas do erudito que era, quais caminhos a nossa cultura camuflada de chapelzinho fez-nos, enquanto humanidade mesmo, trilhar. Ser humano além do bem e do mal deve mesmo ser algo além do terreno, por que por mais que não sejamos maniqueísta, acabamos por força de nossa cultura milenarmente castrante, julgando tudo sob uma ótica parcial e descartando nossas próprias idéias por nos inquirirmos inadvertidas vezes ao pendão da moral impregnada de interesses que não nos dizem respeito enquanto 'conjunto' que quer melhorar[ufa].
Recomendo Nietzsch àqueles que precisam daquele bofetão quase cruzado-de-esquerda-nocaute-técnico inicial, para que deixe de tanta platonisse e de tanto Aguastinho. Quem sabe... se não houvesse tanta aura em torno do legado nietzcheano, talvez tivéssemos bem menos Galaxiais do Queijo-do-Reino do Grão de Areia. E ouvir o créu seria como ir num circo medieval para ver freakshows; a nossa necessária curiosidade humana, por procurar compreender o que não conseguimos referência. Tzzzc tzzzc! Pega no tranco cérebro preguiçoso[tapa]. Quando falo isso lembro logo de um Sílvio Luiz e o seu emblemático "Tá lá o corpo estendido no chão", e de toda gente que não entende que quando alguém passa mal precisa respirar. "A humanidade é desumana" e o Renato Russo, que na verdade era brasileiro, acreditava que tem jeito. Eu sinceramente acredito que tem jeito pra poucos, e por isso mesmo temos que cantar nossas legiões, sejam novaiorquinas ou sertanejas, em meio a espigões de pedra ou espinhos de cactos.
Nietzsche era multifacetado enquanto criador, não só dando tapas como os que comentei, ele também tem seus lampejos poéticos e até mesmo musicais. Pensando que nem todo mundo conhece o legado, cito aqui parte/trecho de um texto do cabra que traçou a genealogia da moral. Eu particularmente gosto desse trecho do Assim Falava Zaratustra, e espero que se deliciem[ui].

Abraços e algo mais a quem for de algo mais.

Segue abaixo o texto:




“Acabo de te olhar nos olhos, vida; vi reluzir ouro nos teus olhos noturnos, e essa volutuosidade paralisou-me o coração: vi brilhar uma barca dourada que se submergia em águas noturnas, uma barca dourada que se submergia e reaparecia fazendo sinais!

Tu dirigias um olhar aos meus pés, doidos por dançar, um olhar acariciador, terno, risonho e interrogador,

Duas vezes apenas agitaste com as mãos as tuas castanholas, e já os pés me pulavam, ébrios.

Os calcanhares erguiam-se; os dedos escutavam para te compreender; não tem o dançarino os ouvidos nos dedos dos pés?

Saltei ao teu encontro; tu retrocedeste ao meu impulso, e até a mim serpeava a tua voadora e fugidia cabeleira.

Num pulo me afastei de ti e das tuas serpentes: já tu te erguias com os olhos cheios de desejos.

Com lânguidos olhares me mostras sendas tortuosas; por tortuosas sendas aprende astúcias o meu pé.

Receio-te quando te aproximas, amo-te quando estás longe; a tua fuga atrai-me; as tuas diligências detêm-me. Sofro; mas, por ti, que não sofreria eu?

Ó! tu, cuja frialdade incendeia, cujo ódio seduz, cuja fuga prende, cujos enganos comovem!

Quem te não odiará, grande carcereira, sedutora, esquadrinhadora e descobridora! Quem te não amará, inocente, impaciente, arrebatadora pecadora de olhos infantis!

Aonde me arrastas agora, indômito prodígio? E já me tornas a fugir, doce esquiva, doce ingrata!

Dançando sigo as tuas menores pisadas. Onde estás? Dá-me a mão! Ou um dedo sequer!

Há por aí cavernas e bosques; extraviar-nos-emos. Pára! Detém-te! Não vês revoarem corujas e morcegos?

Eh! lá, coruja! Morcego! Quereis brincar comigo? Onde estamos? Com os cães aprendestes a uivar e a rosnar.

Mostravas-me graciosamente os brandos dentes, e os teus malvados olhos asseteavam-me por entre as frisadas madeixas.

Que correria por montes e vales! Eu sou o caçador; queres tu ser o meu cão?

Agora, a meu lado! e depressa, invejável solitária! Acima agora! Ó! Ao voltar, caí.

Olha como estou aqui estendido! Olha, altaneira, como imploro o teu socorro! Quereria continuar contigo... por caminhos mais agradáveis! pelos caminhos do amor, através de esmaltados bosques! ou pelos que marginam o lago, onde nadam e saltam dourados peixes!

Estás cansada, agora? Ali em baixo há ovelhas e vespertinos arrebois. Não é tão bom adormecer ao som da flauta dos pastores?

Então, estás assim cansada? Vou-te levar lá; ao menos deixa pender os braços. E tens sede?... Poderia dar-te qualquer coisa... Mas a tua boca não quer beber.

Que maldita serpente esta! feiticeira fugidia, veloz e ágil. Aonde te meteste? Sinto na cara dois sinais da tua mão, dois sinais vermelhos!

Estou deveras farto de te seguir sempre como ingênuo cordeirinho! Feiticeira, até agora cantei para ti: agora, para mim deves tu... gritar!

Deves dançar e gritar ao compasso de meu látego!

Esquecê-lo-ia eu? Não!”


Para quem se interessar esta aqui "O Outro Canto de Baile" completo e um link para Livro todo (Assim Falava Zaratustra em PDF, ou ainda na web em html - de Friedrich Nietzsche)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Sol Nascerá


A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Fim da tempestade
O sol nascerá
Fim desta saudade
Hei de ter outro alguém apara amar

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

[Música: Cartola / Elton Menezes]

Tive, Sim



Tive, sim
Outro grande amor antes do teu
Tive, sim
O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim
Íamos vivendo em paz
Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria
Eu vivia tão contente
Como contente ao teu lado estou
Tive, sim
Mas comparar com o teu amor seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar

[música: Cartola]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A paixão segundo Werther & Karl Moor



Quero ser teu alicerce,
Quero ser teu chão,
Quero ser tapa-sexo,
Quero ser o teu pulmão,
Quero servir pra ti travesseiro,
Quero ser cadeira, espelho,
Quero ser teu conselheiro,
Quero ser inteiro.

Quero esfacelar as estruturas,
Roubar teu chão na cara-dura,
Invadir teu ventre em nexo,
Tirar teu ar, inflar teu plexo,
Quero deitar meu peso sobre ti,
Ver cavalgares sobre mim,
Ouvir teus uivos, grunhidos, beijos,
Perpetuar em ti meu cheiro.

Puzzle



Mergulhei nos olhos sorridentes que me fitavam,
Escorrendo como lágrima pelo rosto,
Experimentando lábios, queixo e pescoço.

Me esboço nu em teu pensamento sem fosso,
Onde tuas mãos exploravam sedentas,
Sequiosas de meu furor disposto.

Tomado por ti, que tramas fantasiando minhas loucuras.
Me personificas teu brinquedo amoroso
De gosto horripilantemente poderoso,
À seduzir tua vontade, alma, carne e travessuras.

Enamorado de uma felicidade mulher,
Me torno parte de um quebra-cabeça maior
Que complementa a história dessa flor,
Que sabe tão bem quanto eu o que quer.

Amor

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Apologia do sentido


O sol encabulou de teu livre-arbítrio,
Fugiu doido, desvairado, querente.
Corado anoiteceu a câmara, alcova da gente.
Me mergulhava em teu colo, lírio, rio de licores.

Já não éramos um trio,
Apolo abandonava tal espio,
Enquanto eu perscrutava com meus dedos
As notas de tua pele.

Aveludada tez onde deslisei o rosto,
Vislumbrando mil sabores,
Respirando cheiros mornos,
Tua alma quente em cores.

Mesmo que não cores, mi cuore,
Corre em teu centro/hard-core/chacra, líquido.
Transporta em cada beijo acima e abaixo,
Sem percalços o prazer por todo espaço.

Passei a noite no teu corpo querente,
Tateando teus gostos,
Por preferir gestos,
Por adorar ser de teu teto.

Ontem à noite comi teu belo,
Bebi de tua boca encarnada sem adorno.
Vivi do ar de tua chama, entre os dentes,
Atando-te em mechas insanas de cabelo.

Cravei unhas em teu nome,
Ao compasso das ancas mensageiras de sabor e arte,
Tua entrega completa à fome em mim.
Expressão de livre realização ulterior.

Já escorres o suor da certeza
De amanhecermos ofegantes de felicidade.
Juntos, enquanto acorda a cidade,
Radiantes de saborear arte.

Já vem Apolo, dorme!

Durmo..............................................

domingo, 8 de junho de 2008

Alvorada íntima


Um horizonte
Iluminado em azul
Fez brilhar
O mangue molhado
Da manhã
Dos lábios.

Tamanha a intensidade,
Ofuscou o olhar nublado.
Fazendo das trilhas
Caminhos tão íntimos
Quanto os traços
Do semblante amado.

Eram tantos cantos e cânticos,
Que era inebriante o frenético farfalhar.
Onde o odor de alegria fixava, penetrante,
Espraiava,
se espelhava no ar
Do sorriso vítreo.

sábado, 7 de junho de 2008

Secret Face


Me iluminava a fronte
A idéia de encontrar,
Num sorriso abastado
De nobreza e singular,
Outra fonte de beleza
E magia cativante.

Existiria realmente
Tal semblante?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre os anseios e o mundo de ilusões dentro de cada seio



Choveu muito, não faço idéia de quantos milímetros choveu de ontem até agora, o que sei é que não me atrevi a por os pés na rua. Vocês não acham interessante como dias que te deixam de 'molho' te fazem bem mais introspectivo? E eu cá pensativo como em outros dias molhados, divagava sobre os assuntos que tocam a alma feminina e os que supostamente não tocam, tocariam. Questionava-me sobre os porquês de algumas atitudes tão recorrentes nas amigas, nas musas, companheiras e tantas desconhecidas que me foram relatadas, confidenciadas, as aventuras, histórias. Ficção, simulação ou não, o que sei é que são passiveis de no mínimo uma boa reflexão. Me acompanhem o raciocínio.

"Amo Bernardinho, sabe. Estamos juntos há 5 anos, ele sempre fora tão fofo, aaamo o Bernardinho. Meu sonho é casar com ele, ter filhos, ser feliz. Acho que isso é possível, ao contrario que todos dizem, acho que o amor pode ser eterno. Quando falo disso lembro logo de meus avós maternos que viveram juntos até os 87 anos, quando meu avô morreu de infarto. Esses se amavam, pode crer, e olha que nem se beijavam.
Mas voltando a minha relação com o Bernardinho,... veja só como são as coisas, sempre chego cheia de amor pra ele, mas ele sempre está ocupado, ou mesmo estará em breve. Ultimamente tem sido tão complicada nossa relação... depois de tanto tempo juntos... nossa história está diferente, entende?! Por que o Bernardinho mudou um pouco a maneira de me tratar, eu sinto... sinto certas vezes como se fosse esmagada por tais circunstâncias, ou no peito, como se dentro uma prensa para fazer azeite fosse impossibilitando minha capacidade de ama-lo, de amar... sei lá, talvez. Ele não me procura como antes.
Hoje anda tão maquinal, tão direto, tão sem interesse, sem procura pela mulher em mim, por meus interesses, por meu dia, por amor... e quando me procura o ventre,... procura como se numa troca fosse tudo explicado, me faz dois carinhos, choraminga como um bebe mimado e eu me entrego completa e irrestrita, como sempre. (...) Mas sabe, depois de tudo me sinto usada, abandonada... como se fosse uma casca de banana, ou ainda como diz uma amiga, como se estivesse numa relação como a do gaúcho e do boi, eu sendo o boi e ele o gaúcho, claro. 'Ele me alimenta até me ver pronta ao abate. Depois de abatida me põe no espeto, me esquenta, me assa com raridade, sempre tirando o espeto na véspera, me come mal passada e esquece de mim. Depois da fase das brasas já pensa no rebanho e no próximo boi, ou melhor, churrasco. E não se enganem que como todo churrasco, virá regado de muita cerveja e amigos'. Eu concordo em partes com essa minha amiga, mas acho que ela está exagerando.
O Bernardinho é um arquiteto tão sensível, adoro como ele dispõe os objetos nos ambientes. Mesmo não gostando de como ele ilumina. Acho sempre tão penumbra, escuro. Terça-Feira encontrei com ele e falei sobre irmos no Sábado ao teatro para ver uma peça da Elizabeth Savalla que tá o maior sucesso, ele comentou que estava com muito trabalho pra entregar e que ia ficar em casa durante o final de semana, e que seria sem chances sair. Então na Quarta voltei a convida-lo, como se não soubesse do que tinha me dito, só que dessa vez para ir ao show do Caveira, que vai acontecer no Centro de Convenções no Sábado. Ele não pensou muito se queria ir, assim que falei que tinha o ingresso ele me beijou sorridente e me deu um abraço. Acho que ele me ama. Cinco anos não são cinco semanas. Tenho certeza que ele leva isso em consideração. E mesmo sabendo que ele ficou com a Raquel na semana passada, sei que isso não significa, nem significará nada pra ele. Não vou deixar uma coisa tão pequena abalar uma relação tão forte quanto a nossa."
[Martinha Moraes, do Cabo Frio - RJ]


[imagem:as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tem nova chance sobre a terra - de Clarice Gonçalves]

[CONTINUA]

2/4 (dois por quatro)


Canto o que se firma
Asas em pós de pirlimpimpim
Num mundo mágico sem balão
Gramas douradas e flores pratas
Numa dança desritmada a vida se embala
Num passo sem dois-pra-cá, dois-pra-lá

Mergulho em confetes e purpurina
Procurando no fundo teu brilho
Teu lascivo som no espelho
Meu gosto por teu sol já em pino
Uma sensação me reveste
Por bailar-nos por entre essa noite
Pescando palavras do ventre
Que nunca serviram de açoite
Se aqui houvesse uma melodia
Faria tua boca um refrão
Pra ser ouvida até o sol nascer
Despindo-me
De ilusão

(poesia à "4" mãos de Ludmila Patriota e Adriano Sargaço)

DESCARADO



As máscaras na festa são personagens,
Mitos, fantasias, contos de fada.
Não as uso, descarto os grãos das vargens.
Expondo assim a fantasia
Sem pinturas,
Sem culpas,
Nada enfadada.

As vozes nas músicas são miragens
Sussurros, urros, ruídos.
As lacunas e frestas na mente são passagens
Visões, espectros, fantasmas.

A superfície, o externo, a expressão
Contra o que vem de dentro, sentimento, canção.
A minha pele sente tua palavra
Assim como toque, um sopro, uma vida;

Uma vontade contida num beijo em dados;
Uma superfície de gêiser, quente, vaporosa;
Um mundo de desejos percorrido por arados;
Rosto desprovido de face em intenção gostosa.

Chega-se às entranhas por veredas espumantes
Abre-se a porta do querer com chave de gestos
Penetra-se no sentimento com alpercatas de penas
Reside-se no vácuo do sentir com tato de brumas

Assim sem máscaras viajo.
Deslizando por tuas cadeias de dunas,
Suspirando o ar que inspiras
Nas imagens de tuas poesias puras.

Viajando entre brumas e afãs,
Entre Febo e Morfeu,
Entre luas e verões,
Despudorado tiro os botões.

Beijo as maçãs,
Tiro o batom,
Firmo a canção,
Seda e lã.

(poesia à "4" mãos de Ludmila Patriota e Adriano Sargaço em 19/03/08)

[imagem: Paul Outerbridge - Nude with mask and hat - c. 1936]

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um dia de silêncio


Amar é se embebedar de vida,
Se entregar no caminho,
Fazer de um milênio
Um momento sosinho?
Um dia de silêncio!

Tic-tac... Tic-tac... Tic-tac... Tic-tac... Tic-tac.

Precipita-se translúcido
Na velocidade de meu pulso,
Como um avarento beijo,
Indiferente ao paulatino gotejo.

Segundos voam,
Horas passam,
Idéias vão.

Frase recorrente;
Alucinação:

Meu sangue jorrando em combustão!!!!!

terça-feira, 29 de abril de 2008

O Dia de Ponta Cabeça

Acho q o Mundo está de ponta cabeça
Como diria o artista que presta
Ah inferno pra ter Cão!
Haveria eu concordar, ou não?

Nesse mundo onde a surpresa é em maioria negativa
O que se espera do amanhã é nenhuma expectativa
É a falha sobre-humana sobre o eixo da terra
E teima que nem Sasá, continua sob engano, erra!

A maioria dos humanos são de Áries?
Ou seriam todos de Marte?
Por que ultimamente tenho visto bobagem em toda parte.

Pois é,... é destarte que são os pares
E não há criatura que me impeça
De afirmar que o mundo está estranho à beça

sábado, 19 de abril de 2008

Noite&Dia







O orvalho é a lágrima da manhã, que chora por nunca poder encontrar-se com a noite.

Eis que a noite está pouco preocupada com o orvalho,
Ela se passa na gandaia despreocupada com tal choro

Mas a chuva da noite pode ser um indício da falta que sente do dia

Ou mesmo a necessidade de banhar-se de liberdade cansada

E até a vontade de banhar o dia, que chaga em breve, dessa sua nostalgia.

É claro!
O dia é que sente falta, pois ao fim da noite se apercebe do perdido e se amarga

Se amarga e se perde no escondido e escuro das trevas, para renascer com um oculto sorriso insípido.

Com aura de um pseudo-místico, o dia se acaba estafado, enquanto ela...
Faz-se plena de ternura e de carinho com certo biquinho de amuada e bela

E desmistifica tudo o que pode ser atribuído de ruim à cor negra
E manifesta que é bela, que é pulcra e que se faz incandescente, mesmo que só por uma nesga.

Afe Maria Lua, que desnudas toda pele e me ofuscas a vista, doando de sua nudez à prazo, à versos sem nenhuma prosa ou Prozac®.

Sol, que encandeia as aves no céu e as Marias terrestres.

Pois de pensar em te despir, me inspiro num suspiro giro, rodopio, tornado, dentro da cabeça à beça tenso, me peça que me reinvento belo só pra te agradar beijada.

Dançando como fadas no encanto
Misteriosamente contando e vivendo no hermético atravessar da noite-dia

Pois ao atravessar o algodão e o linho, no macio ninho me esqueço
Ao passo que ofereço o belo e vejo que fiquei sem versos.


(poesia a "4" mãos de Adriano Sargaço e Lud Patriota)


...

sábado, 5 de abril de 2008

Proximidade - Distância

...

Se minha vontade vagasse o mundo inteiro
Encontrando ao final o rumo em teu beijo,
Faria do abraço um porto seguro,
Pra nunca cair no bel desespero.

Apertando-te ao palpitante e nu peito,
Mesclando-nos em meio ao suor e ao gosto
De teu e meu movimento de beijo em colado rosto.

Teu sussurro e olhos fechados
Num tombar de cabeça para traz,
De braço estendido ao pescoço,
Dependurada e desejosa de maaaiis.

A melodia de teu movimento
Me faz cantar aos teus olhos
Em coreografia perfeita à tempo de findar-nos o intento.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Quadros - Haikais - Quadris



Sintonia

Um sorriso iluminará teus olhos;
Um beijo te inundará vaporosa.
Flutua teu rosto decifrante.


Beijo

Olhar distante,
Mão na nuca nervosa,
Boca num instante.


Marriage

Sol e chuva,
Grama molhada,
Desliza à luva.


Fim de tarde

Crepúsculo,
Luz no horizonte,
Corta meu espírito.


Banco d'Aurora

Sento calmo,
Move o rio,
Voz amiga.


Gozo

Te beijo feliz,
Engulo o teu urro,
Tremem os quadrís.


Laguinho

Folhas secas vi.
O ganso nada manso
Fazendo ondas.

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Noves Fora - ou - Dos Novos Foras

"Olha Lindo... você é massa, mas não quero lhe dizer não, nem sim, por que pode ser que eu me arrependa depois."
(Fulana)

"Zé, estou balançada entre você e ele,... não quero dizer não pra você, por que ainda não sei se é a coisa certa a fazer. Se eu disser sim ou não e quiser voltar atrás depois talvez seja tarde demais."

(Cicrana)


Se x e x' (respectivamente, y e y') têm o mesmo resto módulo 9, então x + y e x' + y', x - y e x' - y' e x × y e x' × y' também o têm.

De uns tempos pra cá ando pensando seriamente em como algumas mulheres estão agindo em meio as suas relações.
Estariam elas sendo honestas com seus parceiros, com seus companheiros, com seus amantes, com seus (já plagiando blogueiras badaladíssimas) pretês?
Afinal pra que serve a sinceridade?



Pra que serve a verdade numa relação?

Me pergunto e pergunto a todos simplesmente por achar que precisamos abrir o jogo, seja qual for o resultado no final.
Não podemos ter todos os pretês na palma da mão e essa história de lista de espera é no mínimo uma sacanagem com o outro.


Deixe a fila andar

Antes ela acreditasse realmente nesse papo de dar tempo pra pensar e mesmo assim é falta de estômago. Pra mim soa falta de presença, personalidade.


Quando me desagradar prometo que conversaremos, seja pro bem ou pro bem.

O diálogo é algo sempre fora da realidade. Por mais que me digam que há diálogo dentro da relação, estou cansado de ver casais com muitas DRs acumuladas/problemas mal resolvidos/assuntos mal conversados/meias palavras.


À quem vocês estão enganando?

Hora de fazer a diferença no mundo. Fale a verdade, colecionar ursinho só se todos os ursinhos puderem saber de sua liberdade incondicional. Existem no mundo milhões de Toyfriends para engrossar as prateleiras de sua estante.



Acho que essa Fulana e essa Cicrana aí devem escolher uma coisa, deixar o Lindo e o Zé de 'stand by' não rola, viagem total. Não sei a situação delas, mas acho que isso aí é querer varias coisas de uma vez e não saber administrar tudo... entende? Querer abraçar o mundo, ter dois pássaros na mão.
(Beltrana)




A desculpa da casca de banana.

"Você é tão fofo Joaquim."
(Mariazinha)


Cicrano: Eu gosto muito de vc Zefa!
Zefa: Eu também te acho super bacana!

"Você é uma pessoa muito especial Mané, mas eu estou numa fase... que preciso ficar sozinha."
(Ana Lurdes)


Meu ombro será em breve contratado pelo governo federal pra irrigar plantações pelo Brasil afora, por que se for pela quantidade de foras chorados no meu ombro, num vai faltar água pra irrigar.

Por mais importante que a pessoa seja, acho que se deve oferecer sempre a verdade. Por que ela liberta. Quando você contorna a situação, cria uma dúvida, um talvez futuro que vai se tornar um tormento tanto para quem levou o fora, quanto pra quem deu.
Se olharmos pela ótica do amor romântico, vamos complicar ainda mais a situação, por que o impossível é o que apaixona. Basta-nos olhar para Romeo e Julieta, Werther e tantos outros ícones que correram atrás do impossível e seeee feeeeeerraaaaaraam!!!


"Eu quero só dizer uma coisinha: isso tudo aí que vc falou eu concordo, é tudo muito lindo na teoria... mas vc tocou num ponto crucial que eu acho que pouquíssimas pessoas conseguem se desvencilhar, que é a questão da dúvida... ela muitas vezes não deixam a sinceridade vir à tona e até a inibem, de modo a fazer as pessoas pensarem que ainda não têm uma opinião formada sobre certo alguém... pode até soar falta de personalidade não conseguir dizer o que se sente, mas às vezes pode ser questões do íntimo ainda confusas, onde espreme-se até a última gota e não consegue-se extrair nada... até por medo do "arrepender-se depois"... o velho blábláblá da insegurança... é só uma questão de sentimentos misturada à complexidade e inconstância do ser humano e isso é ao mesmo tempo inextríncavel e incontrolável... vai além do consciente. O sentimento, a paixão, o gostar nada mais é do que a inconsciência orlada de indecisões..."
(Mariquinha)


-Meio quilo de sinceridade, por favor!


Eu sinceramente não consigo acreditar em coisas como essas...
Sério, não da pra aceitar alguém dizendo que:
"O sentimento, a paixão, o gostar nada mais é do que a inconsciencia orlada de indecisões"
Que história é essa gente?
Que papo é esse de que não sabemos o que sentimos?
Que conversa é essa de sentimento e paixão serem coisas de se equiparar, de se colocar no mesmo saco?
Indecisão num tem nada a ver com sentimento, são coisas distintas. Sem contar que com paixão não há incertezas, muito o contrário disso, jura-se da certeza.

Chega de subterfúgio!!
Enfrentem a verdade!

...