domingo, 16 de novembro de 2008

Procura-se (ou: por uma filosofia pos-nietzscheana)


O mundo é feito de gente com procuras, com metas, com sonhos, com meras utopias que afirmam querer realizar. Todos muito bem intecionados. Fato é que mesmo que estejam à procura dessas realizações, falta-lhes a ousadia maior de enchergar em si o que em si é e reside o impedimento à essa tal evolução, essa transcedência. Seria algo como uma pseudo iluminação? Seria em alguns casos a própria ou propriamente dita? Eu sinceramente acredito que sim em muitos casos, afinal esse tipo de situação é o que mais faz-se presente nas cabeças da maior parte da humanidade. Além do mais e do bem e do mal, nesse caso eu também concordo com Nietzsche e talvez nele haja uma Razão bem maior quando se posiciona em afirmações do tipo:
"O medo é o pai da moralidade".

e até mesmo:
"Com ajuda da moralidade do costume e da camisa-de-força social, o homem foi realmente tornado confiável".

e mais afirmativo ainda quando diz:
"Não poderia haver felicidade, jovialidade, esperança, orgulho, presente, sem o esquecimento".


O "nosso" viver é sempre pautado por um cinismo que joga à moda de crianças temerosas, tapando os olhos com as mãos pra não ver, mas que sempre escapa entre dedos a imagem doada por aquela curiosidade sacana, que na verdade é protagonista, consciente da ação e calçada de 'botas-sete-leguas' só por precaução, pra não correr o risco de correr riscos maiores, ser julgado por outros olhos, etc, etc, etc. Mais interessante ainda é a idéia de que esquecendo da realidade sabida da-se-a à inocência salvadora e apaziguante, que exiguirá-nos de toda e qualquer necessidade de explicar os porques de não nos fazermos melhor, explicarmos por qual razão não nos emanciparmos da "matrix wachowskiana".
Para mim só há uma maneira feliz de esquecer, o que me parece ser a maneira maravilhosa de esquecimento: aquela que só ocorre quando realmente compreendemos o erro e perdoamos por completo.

Novamente Nietzsche:
"A essência da felicidade é não ter medo."

Mergulhe nessa, mas não seja preguiçoso, mergulhe realmente; aceitar apenas seria vergonhoso, ou talvez um mérito grande demais para alguém inteligente.

Mais uma de Nietzsche:
"Não te enchas de ar: a menor picadela te esvaziaria".

O mundo esta cheio de gente que procura. Que procura alguém, que se procura, que jura saber mais.
O mundo é de fato uma enorme fonte de soberba, e o Woman's Toyfriend está nele de torneirinha.

Todo mundo acha-se mais inteligente, mais apto, mais digno e até cai na bobagem de desmerecer, desconsiderar, não atribuir méritos ao que outros afirmam. Por acharem-se superiores em vários aspectos, por possuirem aptidões, conhecimentos específicos, formação e até facilidades como as de reter na memória longa e a da erudição, acreditam-se portadores de uma procuração especial para esnobar e até ignorar afirmações alheias. Juram possuir carapaça. Que possuam, perdem tempo!

Estar aberto aos mundos além dos nossos jardins é algo necessário ao ser que chamo "superior", por que é necessário ser sempre um pouco vazio para se fazer melhor, e como hoje é dia de ressucitar o Nietzsche:
"Há muitas coisas que quero, de uma vez por todas, não saber. A sensatez estabelece limites mesmo ao conhecimento".

E até onde ser nietzscheano? É imprescindível meditar a longo prazo antes de descartar os pensamentos novos, principalmente os que nos fazem cócegas nos brios, muito comum é fazer isso de instantâneo com os alheios.

Não desmereceria o valor do conhecimento, da erudição, etc. Poderia até parecer escusado trazer a luz essa afirmação, mas é muito necessária quando se imagina o pensamento lido por mentes demasiadamente críticas, a lacuna feita é uma porteira aberta, que facilita o engano na maioria. Considero-a fechada!
"A filosofia moderna foi e é nietzscheana,..."
- Gilles Deleuze, filósofo francês

Não quero aqui encerrar méritos para/com o pensamento de Nietzsche na cultura ocidental e ou mesmo na filosofia. Acredito que há bastante o que descartar até conseguir ler Nietzsche na realidade/integralidade de seu pensamento. Não o louvo, não o descarto, mas coloco parte do seu pensamento dentre os que eu tomo como escolhidamente meritórios.

Então volto ao início:
Procura-se!
Procura-se pessoas que sejam lívres. Livres, respeitosas e que realmente entendam e conjugem Amar no presente.
Talvez a procura seja outra...
Procura-se ousados!
ou talvez:
Procura-se loucos!
Por que não existem pessoas capazes de esquecer o passado e encarar o novo sem pudor do erro vivido.
Faltam pessoas que se proponham a "invenção" do amor.
Eu, como Cazuza, "Adoro um amor inventado", por que diferente dele e do que se pensa de instantâneo, acredito que o amor precisa ser entendido de outra maneira, diferente das que a cultura nos ensinou, desse formato cheio de enganações e roubadas.

Eu proponho algo diferente.
Parar para acreditar em amar/amor, deixar-se amar e amar como proposta. É ousadia, é vaguarda, é destemor, é livre arbítrio, é respeitar-se e respeitar o próximo, é amar-se prioritariamente e o outro a posteriori. Mas requer, talvez, uma profunda reflexão sobre quem é, sobre o que quer e até onde quer ir.
O mundo precisa descartar o medo e ousar.
Já pensou:

O cara chega na moça e diz:
Te acho super interessante, quero te propor viver um amor diferente de todos, os meus e dos teus amores. Quero apartir de agora te amar verdadeiramente e me deixar ser integralmente da mesma natureza. Até que sintamos que a necessidade de seguir as nossas sendas individuais faça com que nossa liberdade necessite distância e precisemos nos separar.
É verdade que soa como uma cantada barata, mas isso deveria ser dito com a maior verdade do mundo. Na verdade DEVE!
Que tal 'testarmos' isso?
Vivam!!!

beijos