quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre os anseios e o mundo de ilusões dentro de cada seio



Choveu muito, não faço idéia de quantos milímetros choveu de ontem até agora, o que sei é que não me atrevi a por os pés na rua. Vocês não acham interessante como dias que te deixam de 'molho' te fazem bem mais introspectivo? E eu cá pensativo como em outros dias molhados, divagava sobre os assuntos que tocam a alma feminina e os que supostamente não tocam, tocariam. Questionava-me sobre os porquês de algumas atitudes tão recorrentes nas amigas, nas musas, companheiras e tantas desconhecidas que me foram relatadas, confidenciadas, as aventuras, histórias. Ficção, simulação ou não, o que sei é que são passiveis de no mínimo uma boa reflexão. Me acompanhem o raciocínio.

"Amo Bernardinho, sabe. Estamos juntos há 5 anos, ele sempre fora tão fofo, aaamo o Bernardinho. Meu sonho é casar com ele, ter filhos, ser feliz. Acho que isso é possível, ao contrario que todos dizem, acho que o amor pode ser eterno. Quando falo disso lembro logo de meus avós maternos que viveram juntos até os 87 anos, quando meu avô morreu de infarto. Esses se amavam, pode crer, e olha que nem se beijavam.
Mas voltando a minha relação com o Bernardinho,... veja só como são as coisas, sempre chego cheia de amor pra ele, mas ele sempre está ocupado, ou mesmo estará em breve. Ultimamente tem sido tão complicada nossa relação... depois de tanto tempo juntos... nossa história está diferente, entende?! Por que o Bernardinho mudou um pouco a maneira de me tratar, eu sinto... sinto certas vezes como se fosse esmagada por tais circunstâncias, ou no peito, como se dentro uma prensa para fazer azeite fosse impossibilitando minha capacidade de ama-lo, de amar... sei lá, talvez. Ele não me procura como antes.
Hoje anda tão maquinal, tão direto, tão sem interesse, sem procura pela mulher em mim, por meus interesses, por meu dia, por amor... e quando me procura o ventre,... procura como se numa troca fosse tudo explicado, me faz dois carinhos, choraminga como um bebe mimado e eu me entrego completa e irrestrita, como sempre. (...) Mas sabe, depois de tudo me sinto usada, abandonada... como se fosse uma casca de banana, ou ainda como diz uma amiga, como se estivesse numa relação como a do gaúcho e do boi, eu sendo o boi e ele o gaúcho, claro. 'Ele me alimenta até me ver pronta ao abate. Depois de abatida me põe no espeto, me esquenta, me assa com raridade, sempre tirando o espeto na véspera, me come mal passada e esquece de mim. Depois da fase das brasas já pensa no rebanho e no próximo boi, ou melhor, churrasco. E não se enganem que como todo churrasco, virá regado de muita cerveja e amigos'. Eu concordo em partes com essa minha amiga, mas acho que ela está exagerando.
O Bernardinho é um arquiteto tão sensível, adoro como ele dispõe os objetos nos ambientes. Mesmo não gostando de como ele ilumina. Acho sempre tão penumbra, escuro. Terça-Feira encontrei com ele e falei sobre irmos no Sábado ao teatro para ver uma peça da Elizabeth Savalla que tá o maior sucesso, ele comentou que estava com muito trabalho pra entregar e que ia ficar em casa durante o final de semana, e que seria sem chances sair. Então na Quarta voltei a convida-lo, como se não soubesse do que tinha me dito, só que dessa vez para ir ao show do Caveira, que vai acontecer no Centro de Convenções no Sábado. Ele não pensou muito se queria ir, assim que falei que tinha o ingresso ele me beijou sorridente e me deu um abraço. Acho que ele me ama. Cinco anos não são cinco semanas. Tenho certeza que ele leva isso em consideração. E mesmo sabendo que ele ficou com a Raquel na semana passada, sei que isso não significa, nem significará nada pra ele. Não vou deixar uma coisa tão pequena abalar uma relação tão forte quanto a nossa."
[Martinha Moraes, do Cabo Frio - RJ]


[imagem:as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tem nova chance sobre a terra - de Clarice Gonçalves]

[CONTINUA]

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