quarta-feira, 4 de junho de 2008
DESCARADO
As máscaras na festa são personagens,
Mitos, fantasias, contos de fada.
Não as uso, descarto os grãos das vargens.
Expondo assim a fantasia
Sem pinturas,
Sem culpas,
Nada enfadada.
As vozes nas músicas são miragens
Sussurros, urros, ruídos.
As lacunas e frestas na mente são passagens
Visões, espectros, fantasmas.
A superfície, o externo, a expressão
Contra o que vem de dentro, sentimento, canção.
A minha pele sente tua palavra
Assim como toque, um sopro, uma vida;
Uma vontade contida num beijo em dados;
Uma superfície de gêiser, quente, vaporosa;
Um mundo de desejos percorrido por arados;
Rosto desprovido de face em intenção gostosa.
Chega-se às entranhas por veredas espumantes
Abre-se a porta do querer com chave de gestos
Penetra-se no sentimento com alpercatas de penas
Reside-se no vácuo do sentir com tato de brumas
Assim sem máscaras viajo.
Deslizando por tuas cadeias de dunas,
Suspirando o ar que inspiras
Nas imagens de tuas poesias puras.
Viajando entre brumas e afãs,
Entre Febo e Morfeu,
Entre luas e verões,
Despudorado tiro os botões.
Beijo as maçãs,
Tiro o batom,
Firmo a canção,
Seda e lã.
(poesia à "4" mãos de Ludmila Patriota e Adriano Sargaço em 19/03/08)
[imagem: Paul Outerbridge - Nude with mask and hat - c. 1936]
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